Contra o Preconceito Linguístico!


Na obra “Preconceito Linguístico”, Bagno afirma que “o preconceito lingüístico se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogadas nos dicionários (...)”.
Deste modo, no primeiro capítulo, ele aponta oito mitos do preconceito lingüístico:

1.     “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”
2.     “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”
3.     “Português é muito difícil”
4.     “As pessoas sem instrução falam tudo errado”
5.     “O lugar onde melhor se fala português é no Maranhão”
6.     “O certo é falar assim porque se escreve assim”
7.     “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”
8.     “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”

Alguém de vocês ainda se lembra dos tempos de escola, em que havia um colega que quando precisava ler alguma palavra com dois erres (rr) como, por exemplo, carroça, acabava pronunciando uma linda: caroça! e todos os amigos davam gargalhada? Ou, ainda, aquele amigo que veio do interiorZÃO e era conhecido como o que fala caipira?
Pois este retrato da vida real, mesmo que inocente na atitude de muitas pessoas se traduz em preconceito linguístico.
Preconceito linguístico, de maneira resumida, é o deboche, a zombaria, ou a não-tolerância em relação à fala de algumas pessoas em determinadas situações de interação.
No Brasil falamos português. Entretanto, por algum motivo, convencionou-se que o português falado deve ser expresso, igualmente, como o escrito. Isso quer dizer que, ao longo dos anos, a gramática tradicional e a língua foram tratadas como uma coisa só.
Bem, o português que a gente aprende na escola é chamado português padrão; as regras deste são ditadas pela gramática tradicional. Contudo, como já trazem os PCN, a língua está em constante variação e na escola não devemos tratar a língua como algo homogêneo, mas sim, heterogêneo. Neste caso, nós, professores de língua, deveríamos tratar dos diversos “português”: o padrão e os demais... Como já disse Drummond: “O português são dois, o outro, mistério”. O fato é que a língua falada é muito mais viva e flexível do que as regras escritas na “incrível gramática”.
Infelizmente, no momento em que notamos uma luta enorme para abolir os mais variados tipos de preconceito, o do tipo linguístico persiste desconhecido, e o que é pior, estimulado pelos meios de comunicação em massa, como a televisão.

  • Sugestões de pesquisas para maiores informações na área de estudos linguísticos:

http://www.semanadeletras.cce.ufsc.br/


http://sinpel.pbworks.com/

http://www.ufrgs.br/ppgletras/celsul/index.htm


http://www.letramagna.com/


http://www.unioeste.br/travessias/linguagem.htm


http://www.pos.ufsc.br/linguistica/

http://www.uems.br/sociodialeto/

Um comentário:

  1. Amei. É preciso eliminar o preconceito linguístico.

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